Boca do mundo
pior do que nos perdermos no caminho por onde se parte à aventura é não ter qualquer noção do espaço de onde não saímos. O marasmo onde pegajosamente nos movimentamos. O cansaço é uma trela. Não extensível. Pregos que nos atam a um chão onde não há hipótese de nascerem flores. O marasmo é alérgico ao pólen. A vida alérgica ao pólen.
Um dia, ligo a televisão e o mundo a passar-me do outro lado do vidro. Sempre do outro lado do vidro, do outro lado de qualquer coisa. Deste lado, uma espiral de pesos pendurados nos braços. Um dia, abro o jornal e as letras fogem-me. Um dia olho o espelho e só a parede. E o medo.
A incapacidade.
Todos os dias um dia.
Um dia, ligo a televisão e o mundo a passar-me do outro lado do vidro. Sempre do outro lado do vidro, do outro lado de qualquer coisa. Deste lado, uma espiral de pesos pendurados nos braços. Um dia, abro o jornal e as letras fogem-me. Um dia olho o espelho e só a parede. E o medo.
A incapacidade.
Todos os dias um dia.
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