Nota de domingo
Um dia aprendemos a colocar tudo em perspetiva. A relativizar. A abraçar todos os clichés. A alimentá-los. Um dia aprendemos. E carimbamos o passaporte. Seguimos viagem. E não olhámos para o imediato. Um dia aprendemos a perspetivar todas as nossas tragédias emocionais.
- lembro-me de onde estava há precisamente um ano.
- eu não. Mas recordo todos os pormenores deste dia há sete anos atrás.
E com ternura. Um dia aprendemos a declinar de forma perfeita esse pretérito do que fomos. Somos. Que aprendemos a ser.
Perspetivamos a vida. E os que vão connosco desde sempre. Sem oportunidade de partir. Como se de cada vez que os amantes passageiros apanham outro comboio, a vida nos viesse ensinar a importância daqueles que nos gravaram a canivete no sangue.
E esta roda um eterno e repetitivo cliché. Todos os dias a fazer-nos tropeçar.
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