sobrescrito
Seja em que verso do papel, o espaço que é deixado em branco é o que mais diz. Assim como todos os espaços em branco, calados. A forma como escondemos do mundo a vergonha de nos colocarmos no risco. No arame.
A olhar para o vazio de um envelope, sabe porque deixou de escrever cartas. Já não havia nas entrelinhas papel que lhe chegasse. E era só aí que podia mesmo, realmente, sofrida e inteiramente escrever. Como se houvesse um inteiramente nas entrelinhas. Como se houvesse pausa para um leitura a dois tempos. A quatro olhos. A quatro mãos.
O importante só se diz nas entrelinhas e então, "as palavras caem no vazio, como se nunca tivesses sido pensadas".
Há cartas que nunca são enviadas. Só o envelope segue. Sabemos quem enviou, mas nunca descobriremos a mensagem.
Escreve-me uma carta!
ResponderEliminar