Nudez

Como se a própria pele não lhe servisse, uma fuga de um espaço absolutamente terminado. Gritar de forma a que mais ninguém ouvisse. Arranjar um objecto ruidoso onde pudesse martelar toda a noite. Até o cansaço ser mais desconfortável do que a própria pele. Como, às vezes, custa ser mais do que essa pele.

Como, às vezes, custa. A noite, a solidão, a festa. Como custa essa pele a agarrar-se-nos à alma, a absorver as memórias, a paciência. A paciência. A paz. A esperança. Um não estar que estando magoa.

É sempre à noite que a pele não lhe serve. Uma guerra fria de si para si. Só porque ninguém está a ver e é mais fácil essa desnecessidade de explicar a nudez.

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