Noite I
Enrolou-se num robe e encostou-se à cabeceira da cama. Estava cansada da simpatia das pessoas. Perdão, estava cansada de procurar a simpatia das pessoas. O céu agora é sempre tão carrancudo. Uma confusão ao fundo da cama. E ninguém. Só o armário com os livros a olhá-la.
Um espinho no peito a lançar veneno, no compasso de uma música qualquer que pôs a tocar para ajudar o robe. Que apenas se diga por meias palavras a solidão que se deita com ela na cama.
É o vazio que lhe dói. O peito a vibrar no nada. A cada respiração a vibrar no nada. Uma vida tão cheia e um peito tão vazio. Carrega no botão, mas a lâmpada do candeeiro fundida. Há dias de sorte.
Hoje ninguém foi simpático com ela.
Logo hoje que ela precisava.
Comentários
Enviar um comentário