Come Home II
Como se já não fosse meu. Passo tanto tempo longe que este quarto me excluiu dos seus objectos. É com delicadezas de licenças que me sento na cama. Inspiro. Há um calor moribundo a fugir da cama, uma vida à almofada. E um obelisco à cabeceira. Quisera eu não ter saído daqui. Tenho medo de pousar a mala no chão. E se apago algum traço? Um recado que eu não tenha lido na última vez? Como é difícil voltar ao que nos fugiu.
Tantos livros que reconheço, fotografias onde eu estou, um vestido vermelho pendurado na porta do armário. Meus, os livros. Tantas estórias que filtrei na retina. E cadernos, poemas inacabados. Tudo como se já não fosse meu. Eu a mesma, o quarto o mesmo, o olhar o mesmo. Mas o tempo uns óculos de distanciamento. E todas as memórias lá, à espera que eu as reaprenda a ler.
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