cronos

Deita-se e olha para o relógio. De lado, na cama, sente que os ponteiros, no compasso espaçado das horas, embalam o tempo. Quisera um baloiço para correr tanto quanto os segundos e ser dono da passagem. Uma porta onde se entra e sai a todo o instante, na vertigem do abismo. O momento que se repete uma vez e outra, outra novamente, tic, tic, tic, tic

Sempre o mesmo tempo. Tem vontade de tirar a pilha ao relógio. Não lhe dar corda, talvez. Agarrar a imagem que tem do relógio com os ponteiros daquela forma. Fixar a noite no momento em que se deita tic tic tic tic

O tempo não se desdobra. Afinal é um ponteiro dos segundos a batalhar a passagem, sempre no mesmo sítio, oscilando as horas num pêndulo esquizofrénico. O embalo. Uma sábia rocking chair em movimento perpétuo.

tic tic tic tic um tempo a meio.

Fecha os olhos.

“que a luz de manhã seja”

tac

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Nota de domingo

Bilhete para o fim do dia

Tragédia de Amor em Três Pedacinhos de Acto (I)