Ain't no mountain




Um dia chegou lá a casa com a letra da música numa folha. Há muitos anos. Era o tempo em que a internet chegava devagarinho. E em que ele nos trazia tudo o que de novo encontrava. Esse era um dos muitos hábitos que aprendemos com ele. Escutar as letras das músicas. Chegou nesse fim-de-semana com a letra de uma música. A música fazia parte da banda sonora de um filme que tinha visto. Coreografia da Susan Sarandon. Escovas do cabelo no papel de microfones. Aprendemos toda a performance na sala de jantar da casa da “nossa mãe”.

Essa música acabou por ficar connosco. Quando a Ana foi diagnosticada e, depois, quando foi estudar para longe. Cantamo-la à Lela, quando se casou. Fazia parte da playlist que ia tocar no meu casamento que acabou por não acontecer,

O que primeiro foi uma forma de celebrarmos o estarmos juntos, tornou-se uma forma de manter as memórias e de afirmar um estado de saudade.

Nunca mais fui capaz de ver aquele filme, mas não há montanha alta o suficiente… Nunca haverá.


Parabéns, António. 

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