Fall at your feet


rodava a chave e pensava "hoje é a última vez". todas as noites pensava isso. 

e, depois, março chegou. 

havia qualquer coisa dele em março que ela gostava de guardar. um arrepio de despedida, se calhar. março tinha qualquer coisa de homem. de todos homens que lhe tinham passado na pele. e era nisso que pensava, enquanto olhava para o tecto do quarto. havia muitos marços na cama onde estava deitada. uma leve queda no sono e voltava àquelas escadas. a recriação cinematográfica dos reencontros que os sonhos nos agendam. a hesitação em subir o degrau, o voltar para trás e cair-lhe dramaticamente nos braços. aos pés. a arqueologia de todos os despojos. a arqueologia de todas aquelas noites onde, de mãos atadas, não soube fugir. 

hoje era a última noite. a primeira de março. 

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